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quarta-feira, 24 de abril de 2024

LANÇAMENTO

COLUNA LEITURA LIVRE
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Por Battista Soarez 
(Escritor e jornalista)


"O Mundo em Órbita de Alerta: desespero ou esperança?"
Um livro para ser lido e gritado nos ouvidos desta geração

O livro "O Mundo em Órbita de Alerta" está sendo lançado hoje, nesta quinta-feira, 25/04/2024, pela AD Santos Editora em Curitiba-PR | Foto: Reprodução. 
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O ANO DE 2020 chegou com novidades bombásticas: ameaças de guerra, tsunamis, terremotos, maremotos, ciclones, tempestades e muitas outras catástrofes em várias partes do mundo. E, não bastassem, doenças sem precedentes, como HN1 e outras, estavam ceifando vidas no mundo inteiro.

P U B L I C I D A D E

No mês de fevereiro de 2020, eu estava com uma cruzada evangelística para ser realizada na ilha de Caçacueira, no meio do Oceano Atlântico, já próximo da divisa do Brasil com a África. Enquanto secretário estadual de missões na Assembleia de Deus no Maranhão, eu — juntamente com minha equipe  fiz uma maravilhosa viagem. Fomos de carro até o porto de Pindobal, no município de Cururupu. De lá até Caçacueira, fomos de barco, enfrentando ondas e ventos tropicais.

Tinha espalhado notícia no mundo inteiro de que o vírus da Covid-19 tinha surgido de Wuhan, cidade da República Popular da China, e que milhares de pessoas estavam sendo contaminadas e morrendo em algumas partes do mundo. O Brasil, assim como outros país, estavam sendo alertados. Quando chegamos à ilha, Maria, minha esposa, chamou minha atenção sobre o fato de que minha aparência estava estranha.

 Tu estás bem?  ela quis saber, fixando olhar no meu rosto e se segurando numa cadeira ao lado da mesa na cozinha, onde tínhamos acabado de almoçar.

 Estou sentindo um aperto no peito e uma espécie de calafrio — respondi.  Mas pode ser por causa do vento inteiriço que vem do mar.

P U B L I C I D A D E

Afinal de contas, estávamos no meio das águas do oceano. Como era fevereiro, de quando em quando caía uma chuva. E isso contribuía para justificar o calafrio que eu estava sentindo. Pode ser isso, balbuciei.

 Anh  Maria sussurrou, mas com um certo ar de desconfiança.

Na sexta-feira à noite, no hotel em Cururupu, depois de orar durante algum tempo, o Senhor me revelou protestades e principados sobre o céu de Caçacueira que causavam intrigas entre pastores da região, e isso impedia as pessoas de se converterem ao Senhor Jesus. Também mostrou-me dezenas de espíritos malignos que habitavam ali por causa dos terreiros de macumba existentes em Caçacueira e nas ilhas vizinhas.

Depois de orar neutralizando as forças espirituais diabólicas, atravessei o mar em direção ao destino planejado para realização da cruzada. Ministrei no sábado pela manhã e pela tarde para uma equipe de obreiros locais. À noite, preguei ao ar livre, com apresentação da banda de música que estava comigo. No domingo, pela manhã, dei um estudo bíblico na escola dominical e, à tarde, fizemos evangelismo de rua, visitando casas de pessoas não-crentes. À noite, preguei novamente e na segunda-feira voltamos para São Luís.

P U B L I C I D A D E

Ao chegar em casa, em São Luís, ficávamos o tempo todo com a TV ligada. De hora em hora, as notícias sobre a Covid-19 vinham à tela. Novas contaminações. Novas mortes. Novos comentários de especialistas sobre o assunto. E logo minou de informações dizendo que se tratava de uma pandemia.

As pressões no meu peito aumentavam e Maria me convidava para ir ao hospital e me internar.

 Não vou não  dizia eu.  Vi aqui nas redes sociais que as pessoas que estão procurando hospital estão sendo intubadas. E quem está sendo intubado está indo a óbito. Somente a grande imprensa não está divulgando isso porque é paga pelo sistema para reprodizer o que ele quer.

Sei disso porque sou jornalista e entendo perfeitamente como funciona o sistema. O sistema paga muito dinheiro para os poderosos órgãos de comunicação e para grandes jornalistas dizerem repetidamente as narrativas do discurso midiático que esse mesmo sistema quer construir na cabeça das pessoas. Foi assim que a Rede Globo e outros órgãos da grande imprensa se puseram a trabalhar para o sistema com relação à Covid-19, às vacinas e a outros temas da atualidade. Só que, agora, existem as redes sociais. E elas estão na palma das mãos de cada indivíduo no mundo inteiro. Então, não adianta a grande mídia dizer que as vacinas não estão matando pessoas se as redes sociais estão mostrando provas e evidências de que estão matando sim. Não adianta a Rede Globo cunhar no seu jornalismo diário a palavra "golpista", se as redes sociais estão mostrando que não houve golpe nenhum e que houve, sim, fraude nas eleições. Portanto, a guerra entre as redes sociais e a imprensa que promove o discurso oficial do sistema está declarada.

P U B L I C I D A D E

Naquele momento eu sentia, com forte convicção espiritual, que a doença estava relacionada com a apocalíptica globalista. Liguei, então, meus ouvidos espirituais. Lembrei-me da revelação sobre o fim dos tempos que o Senhor me dera em 1983 e em 2014. O impressionante é que no final da revelação que Deus me deu em 1983, Ele me disse: "Daqui a 31 anos eu voltarei". Em 2014, tive a mesma revelação que tive em 1983. Só que, desta vez, com novos cenários. Quando despertei da revelação em 2014, contei os anos que haviam se passado e constatei que fazia exatamente 31 anos entre a primeira e a segunda revelação. Em 2015, a Agenda 21 da ONU foi concluída e as discussões sobre a Nova Ordem Mundial se intensificaram. O papa começou fazer viagens secretas, sem comitiva de imprensa, para se reunir com principais líderes mundiais. Em 2021, a Agenda da ONU foi apresentada ao mundo, passando a ser chamada de Agenda 2030 e foi anunciado que ela começaria a ser implementada em janeiro de 2023, e totalmente consolidada em 2030.

Em março de 2020, o pastor Edilson de Carvalho Lins, da nossa base missionária em Alcântara, me ligou.

 Alô! Meu irmão!  disse ele ao telefone.  Pegue a sua família e venha para cá. Saia daí da capital. A pandemia está afetando todo mundo.

Nossa base missionária, a Missão Nova Alcântara, fica na zona rural. Ali, estrategicamente, trabalhamos com comunidades de matriz africana e outros povos como, por exemplo, indígenas, descendentes de europeus, trabalhadores rurais e pescadores. Maria, a princípio, resistiu à ideia de sair de São Luís para ir para Alcântara. Mas, diante das alertas sobre a perigosa pandemia, ela acabou cedendo e, então, atravessamos a baía de São Marcos e fomos para Alcântara.

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Na base missionária, eu passava parte do tempo, de joelhos, em oração. À noite, todos os dias, fazíamos cultos. A missionária Izabel Johnson, de Atlanta, nos Estados Unidos, estava conosco durante o tempo de confinamento. Ministrávamos todos os dias para os missionários e suas famílias. Trocávamos conhecimento sobre missões transculturais e os milagres que o Senhor Deus opera através daqueles que se dedicam à obra missionária. E, assim, o Senhor nos inundava de virtudes espirituais.

Num dia daqueles, enquanto eu estava ajoelhado em oração, o Senhor trouxe ao meu coração uma comunicação muito forte: "Escreve um livro sobre o mundo atual. Mas fala do que os homens fizeram e estão fazendo com o planeta Terra desde a sua origem. Eu tenho pressa". Fiquei refletindo um pouco sobre aquela ordem divina e logo perguntei: "E qual é o título do livro, Senhor?". E Ele, então, respondeu no íntimo do meu coração: "O Mundo em Órbita de Desespero".

Foto: Reprodução 

Peguei imediatamente um caderno e uma caneta, e anotei o título e o subtítulo. Depois, voltei a orar, pois havia interrompido a oração para anotar as informações que o Senhor acabara de colocar no meu coração. Horas depois  após ter anotado os 20 capítulos que havia recebido do Senhor e percebendo a complexidade do tema  entendi que, diante da pressa, precisava buscar autores para escrever a obra junto comigo. Seria uma obra coletiva.  Liguei para um dos meus editores. Falei da proposta do livro, enviando-lhe o tema dos capítulos e pedi que ele indicasse autores para me ajudar. Mas percebi uma certa falta de interesse.

 Mais na frente a gente vê a possibilidade de fazer um livro assim, pastor  disse ele, dizendo um tchau muito frio e desanimador.

Dias depois entrei novamente em contato com o mesmo editor, perguntando-lhe se ele havia pensado sobre o livro. Ele pediu pra eu escrever mais detalhes sobre o projeto. Mas eu achei desnecessário, uma vez que eu já havia explicado tudo na introdução do projeto literário da obra. A partir daí, ele não atendeu mais as minhas ligações e também não retornou mais as mensagens de WhatsApp.

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Foi então que, novamente em oração, veio na minha cabeça a ideia de ligar para a escritora Adriana Santana, da Bahia, contando-lhe como se deu a ideia do livro. E ela, prontamente, aceitou a proposta de, juntos, buscarmos autores e organizarmos a obra. Eu e ela. A partir daí começaram aparecer autores e também os entraves. Um dos entraves, além de eu estar sofrendo com diabetes e Covid, foi a dificuldade de assimilação por parte dos autores sobre a natureza redacional da obra. Não podia ser um gênero meramente dissertativo. Nem ensaio academicista. Mas, por certo, uma narrativa-dissertativa jornalistica, escrita num ritmo divertido, persuasivo e, portanto, com acentuada leveza. Um jornalismo investigativo histórico. Isto é, uma investigação da história da humanidade, narrada e dissertada de maneira poética numa linguagem dialógica e persuasiva.

Diante da complexidade, informei aos autores que escrevessem do seu jeito e deixassem comigo a definição do estilo redacional literário. Eu faria o copidesque de cada texto, colocando todos eles no estilo jornalístico. Só pedi que, ao escreverem, orassem de joelhos diante de Deus, por se tratar de uma obra espiritual que estava mexendo um assunto muito sério. Então, tínhamos de orar muito. Eu mesmo estava fazendo isso: eu sempre orava antes de escrever, e partes dos meus capítulos eu escrevia de joelhos, orando e glorificando a Deus. Alguns autores não entenderam a minha postura e o nível de responsabilidade espiritual da obra e, então, resolveram sair do projeto. Um deles me chamou de fanático. Mas eu sabia que não se tratava de fanatismo, e sim de convicção de fé. Adriana e eu, então, oramos e buscamos novos autores. O Senhor enviou e manteve no projeto somente aqueles que estavam no centro da sua vontade. E assim foi. Na medida em que os autores iam enviando seus textos, eu ia trabalhando no copidesque e na revisão textual. A escritora Adriana Santana também se dedicou ao trabalho de revisão textual e às conversas com alguns autores que não eram do meu grupo de relacionamento.

Outro momento importante foi quando uma autora disse que o título do livro estava muito pesado. "O Mundo em Órbita de Desespero", segundo ela, poderia chocar o leitor, pois o mundo estava passando por situações catastróficas em que as pessoas estavam precisando de alento e esperança.

— Tudo bem. Só não podemos excluir do título do livro a palavra "desespero" pelo fato de ter sido o Senhor quem soprou essa palavra, e o mundo, de fato, está em desespero — instiguei.

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Foi quando alguém do grupo sugeriu que o título fosse O Mundo em Órbita de Alerta: desespero ou esperança?. Mais a chamada de capa: Para onde a humanidade está caminhando?. Pronto! Perfeito.

Quando a obra ficou pronta, no final de 2020 e início de 2021, buscamos uma editora. Enviamos o livro para mais de 15 editoras, dentre elas algumas seculares e católicas. Inclusive a Editora Vozes. Todas aprovaram a obra com louvação. Mas alguns autores rejeitaram a ideia de publicar o livro por uma editora que não fosse evangélica. E, então, a AD Santos Editora foi unanimidade entre os autores.

Agora, nossa preocupação seria com a produção de capa e diagramação da obra. Como tenho bastante tarimba como redator e editor, temia que o livro saísse com qualidade editorial que não correspondesse com o nível de qualidade do seu conteúdo. Confesso que esse quesito é um dos problemas que sempre tenho com revisores, diagramadores e capistas de algumas editoras. Atualmente, muitos desses profissionais não primam por alguns detalhes que são fundamentais na finalização da arte visual e do embelezamento da obra. Os editores experientes são irredutíveis com relação aos detalhes de revisão, tipologia, espaçamento, diagramação e capa. E eu, modéstia à parte, sou um deles. Não gosto de trabalhar com profissionais que ignoram a leveza das características visuais, simplesmente jogando qualquer fonte sobre imagens e colocando no mercado livros que o leitor nem se dá ao gosto de pegar para ver. Estas questões são os mesmos dilemas das grandes editoras como Thomas Nelson Brasil, Editora Vida, CPAD, Editora Mundo Cristão, Editora Ultimato, Editora Betânia, Editora Hagnos e outras. Estas empresas são bem criteriosas na hora de  procurar por profissionais do ramo editorial.

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O livro O mundo em órbita de alerta, finalmente, está indo para o mercado com uma qualidade editorial que, espero, encante o leitor que, certamente, ao abrir o livro, terá uma leitura prazerosa, agradável e satisfatória do ponto de vista espiritual, literário, instrutivo e informacional. Tenho consciência de que hoje, 25 de abril de 2024, estamos lançando uma obra de grande valia literária não somente para os cristãos mas, também, para o mercado secular, acadêmico, para o mundo político e, enfim, para o público em geral.


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sexta-feira, 19 de abril de 2024

Proposta de Mical Damasceno é mal interpretada pela crítica midiática e por defensores de ideologias feministas | Por Battista Soarez

COLUNA LEITURA LIVRE 
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Por Battista Soarez
(Jornalista e escritor)

Proposta de Mical Damasceno é mal interpretada pela crítica midiática e por defensores de ideologias feministas
No seu discurso desta quinta-feira (18), a parlamentar deixou claro que defende os direitos da mulher, mas sem ignorar o valor do homem na sociedade familiar

Deputada Mical Damasceno em seu pronunciamento na ALEMA | Foto: Divulgação 
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A DEPUTADA ESTADUAL MICAL DAMASCENO (PSD) foi extremamente mal interpretada ao propor, nesta quarta-feira (17), que apenas homens participem de uma sessão solene na Assembleia Legislativa do Maranhão (ALEMA) no Dia da Família, que é comemorado em 15 de maio.

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Nesta quinta-feira (18), Mical voltou a defender a sua ideia, mas desta vez esclareceu que jamais teve a intenção de desmerecer o valor e o papel da mulher na sociedade. "Eu defendo o direito da mulher, mas temos de reconhecer que, segundo as Escrituras Sagradas, o homem é o cabeça da família, assim como Cristo é o cabeça da Igreja", ponderou a parlamentar.

Na quarta-feira, a deputada fez referência de que, no 15 de maio, "nós comemoramos o Dia da Família", expondo o fato de que passou pelo seu coração a ideia de encher o plenário da Assembleia Legislativa de homens para chamar a atenção da sociedade de que é deles o papel de ser autoridade no ambiente familiar. "Acredito que seja divina", disse ela, se referindo  à ideia da proposta, numa menção de sua fé e comunhão com Deus.

A parlamentar disse, ainda, que a mulher "deve submissão ao marido". Só que essa não é uma ideia da parlamentar, mas da Bíblia, quando se refere à harmonia no lar. "Doa a quem doer", disse ela. Esse destaque de Mical foi apenas uma maneira de ela deixar evidente o fato de que essa é uma verdade fundamental no tocante ao plano do Criador. A família, assim como o universo de modo geral, foi criada pela inquestionável sabedoria de Deus, e não é o homem, como criatura, que vai mudar essa realidade.

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Submissão é respeito e obediência. E respeito e obediência são virtudes e não malignidades. A mulher ser submissa ao marido e o marido ser submisso à mulher são virtudes condicionantes para que haja concordância e harmonia na relação familiar. O contrário disso é desobediência e opressão. Opressão não tem nada a ver com submissão. E desobediência é rebeldia. Portanto, desobediência e opressão são comportamentos violentos, que incitam violência. E o que vai conter isso é exatamente uma postura de respeitabilidade e obediência: são virtudes importantes para a paz no lar. Isto é possível se houver respeito e obediência entre marido e mulher.

Não pode haver nem machismo, nem feminismo. Nem misoginia, nem misandria. Aliás, o feminismo é tão perigoso quanto o machismo. Portanto, mutualidade entre homem e mulher é uma questão que deve ser levada a sério pedagogimente.

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A fala da deputada se reportou ao feminismo como um grupo que defende a igualdade de gênero, mas que isso desconstrói o princípio da harmonia no lar. "As feministas defendem que tenha esse direito de igualdade. Elas querem estar sempre em uma guerra contra o homem", destacou a parlamentar, no sentido de que homem e mulher, em pé de igualdade, têm cada um seu papel e seus direitos. O homem tem como obrigação o papel de proteger a mulher, cuidar e zelar por ela e ainda ser o provedor da família. A parlamentar, que é filha de pastor e, portantto, criada em ambiente cristão, sempre defendeu e continua defendendo os bons princípios sociais e familiares.

Quando a deputada Mical Damasceno diz que  "o homem é o cabeça da família", ela simplesmente está reafirmando um princípio divino que é fundamental para estabelecimento da paz, do respeito, do reconhecimento e da harmonia que deve existir na relação entre os opostos. E é isso que a inteligência midiática e os movimentos de pensamento socialistas não  conseguem alcançar em questão de entendimento. O que Mical quer  assim como toda pessoa de pensamento conservador  é que haja ordem e respeitabilidade na família. O homem é autoridade, protetor e provedor na família. A mulher é auxiliadora do homem nos papéis que compreendem a sua competência, com as funções que lhe cabem.

Numa coerência inteligente, a Assembleia Legislativa do Maranhão informou que a sessão solene em comemoração ao dia da família, proposta pela deputada Mical Damasceno, será aberta à participação de homens e mulheres. "Sobre o pronunciamento da deputada Mical, ocorrido nesta quarta-feira (17), de que o ato tenha apenas a presença de homens, trata-se de uma opinião da parlamentar, respeitada dentro da pluralidade que compõe o parlamento estadual, que representa todos os segmentos  da sociedade maranhense, em suas diversas forças políticas e linhas ideológicas", disse, em nota, a ALEMA. Nessa fala da Assembleia Legislativa estão inclusos, é claro, homem e mulher.

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terça-feira, 16 de abril de 2024

EDUCAÇÃO | Incentivo ao hábito de ler

EDUCAÇÃO
Num país onde não se promove o hábito de ler, os prejuízos são imensuráveis
Mas nova lei cria Sistema Nacional de Bibliotecas Escolares (SNBE) e é sancionada pelo presidente Lula. No Maranhão, o projeto Giroteca desperta a população estudantil para o mundo da leitura
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Por Battista Soarez
(De São Luís - MA)

A nova lei altera a lei de universalização debibliotecasescolares, criada em 2010 | Foto: Divulgação
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O HÁBITO DE LER é o principal termômetro para o desenvolvimento de qualquer nação. Nos países de primeiro mundo essa é a principal diferença em relação aos países menos desenvolvidos. Numa nação que lê o nível de qualidade de vida é superior em relação aos países onde a população lê pouco. No Brasil, de modo geral, o hábito de ler é baixo, principalmente nas regiões Norte e Nordeste. Todavia, o país ainda soma algum ponto positivo nesse particular. De acordo com a Universidade de Campinas (UNICAMP), o sudeste é a região com maior proporção de leitores, seguida pelas regiões centro-oeste, norte, nordeste e, por último, a região sul. Mas outros estudos — como, por exemplo, a revista Veja, o Portal Correio, a revista Bula e o Portal Negrê — indicam que a região nordeste é a que mais lê.

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Já a pesquisa Retratos da Leitura do Brasil, do Instituto Pró-Livro, considerada o maior estudo sobre comportamento de leitores do país, em parceria com o Itaú Cultural, resolveu percentuar as capitais que mais lêem e também coloca o Nordeste em primeiro lugar. Para a pesquisa, leitor é aquele que lê um livro todo ou pelo menos a metade de um livro a cada três meses. Foram entrevistados 8.076 participantes de 209 cidades. No ranking geral, apenas as capitais foram divulgadas, dentre elas as 25 com maior número de leitores. Então ficou assim constatado o seguinte resultado: João Pessoa (64%), Curitiba (63%), Manaus (62%), Belém (61%), São Paulo (60%), Terezina (59%), São Luís (59%), Aracajú (58%), Salvador (57%), Florionópolis (56%), Vitória (55%), Fortaleza (54%), Belo Horizonte (53%), Porto Alegre (52%), Recife (52%), Cuiabá (52%), Palmas (52%), Macapá (51%), Porto Velho (51%), Rio Branco (49%), Natal (48%), Rio de Janeiro (47%), Goiânia (42%), Maceió (37%) e Campo Grande (26%). Portanto, das capitais que mais leem, cinco são nordestinas.

Nova lei cria Sistema Nacional de Bibliotecas Escolares

Nesta terça-feira, 9 de abril de 2024, o Diário Oficial da União (DOU) publicou a Lei nº 14.837, de de 8 de abril de 2024, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com veto parcial. A lei incentiva a criação e a melhoria de bibliotecas no país e cria o Sistema Nacional de Bibliotecas Escolares. De acordo com a nova lei, a biblioteca escolar passa a ser considerada como equipamento cultural obrigatório e necessário ao desenvolvimento do processo educativo. Isso será possível na medida em que esses locais têm como objetivos a democratização do acesso à informação  e às novas tecnologias; e promover as competências que possam contribuir para a garantia dos direitos e aprendizagem dos alunos, especialmente no campo da leitura e da escrita.

Como política de alto nível cultural, as bibliotecas também deverão ser, de acordo com a lei, espaços de estudo, de encontro e de lazer para a comunidade, além de um ambiente de recursos educativos integrado ao processo de ensino-aprendizagem. Concernente a isso, cada projeto deverá ter liberdade para usar a criatividade que quiser na sua engenharia estrutural no sentido de atrair a clientela, proporcionando conforto, agradabilidade e, portanto, satisfação aos leitores.

As bibliotecas escolares têm levado milhares de alunos à prática da leitura | Foto: Divulgação 

A lei é bem abrangente e flexível. E uma das coisas bastante interessantes que ela prevê é a realização de convênios com entidades culturais privadas. Isso fará com que instituições educacionais promovam parcerias e abram espaços no seu ambiente escolar para qualquer projeto de incentivo à leitura como, por exemplo, rodas de conversa com escritores, poetas, professores, artistas, jornalistas e intelectuais de modo geral. Essas categorias influenciam jovens e adolescentes no mundo da leitura e é daí que se originam grandes homens e mulheres da sociedade do amanhã no mundo das artes, da literatura, da política, da ciência e da tecnologia.

O novo sistema em foco, criado pela lei, terá como funções o incentivo à implantação de bibliotecas escolares no sentido de que elas atuem como centros de ação cultural e educacional. Por outro lado, o Sistema Nacional de Bibliotecas Escolares deverá viabilizar a atualização dos acervos e definir um mínimo de livros e materiais de ensino com base no número de alunos matriculados em cada unidade escolar e nas especificidades da realidade local.

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Profissionais serão treinados para atuarem no SNBE. A qualificação desses profissionais será desenvolvida pelo poder público dentro das políticas do próprio sistema, de maneira que as bibliotecas deverão funcionar adequadamente conforme cada realidade local.

Essa Lei 14.837/2024, de 8 de abril de 2024, tem origem no projeto de lei de número 5.656/2019 (que, antes, era o PL 9.484/2018 na Câmara dos Deputados), de autoria da deputada Laura Carneiro (PSD-RJ). Em setembro de 2023, o projeto foi aprovado com parecer favorável da relatora, senadora Zenaide Maia (PSD-RN). Por sua vez, a senadora fez alterações na proposta. Os recursos da União para apoiar estados e municípios seguirão o preceito constitucional de apoio por meio da sua função redistributiva e supletiva no sistema educacional.

O veto do presidente Lula

O presidente Lula sancionou a lei, vetando o trecho do projeto que estabelecia sanções aos sistemas de ensino que não cumprissem a meta de universalização das bibliotecas escolares. Essas sanções seriam definidas pelo órgão ou entidade do Poder Executivo federal responsável pela implantação do Sistema Nacional de Bibliotecas Escolares.

P U B L I C I D A D E

Agora, os vetos presidenciais passam pela análise de senadores e deputados, que podem votar para manter os trechos excluídos pelo governo ou por retomar o texto original aprovado no Congresso.

Passos antecedentes

A luta pelo incentivo à leitura deu seus primeiros passos em maio de 2010, quando foi aprovada a lei da universalização das bibliotecas escolares, Lei nº 12.244, de 24 de maio de 2010. Essa lei definiu o prazo de dez anos para que todas as instituições públicas e privadas de ensino contassem com biblioteca com acervo de, no mínimo, um título por aluno matriculado.

No ano de 2018, o projeto de lei 9.484, que depois se transformou no PL 5.656/2019, propôs alteração da lei e aplicação do prazo de 2028 para 2024, que foi o que ficou valendo. Também foi proposto um novo conceito para “biblioteca escolar”, tornando-a um equipamento cultural obrigatório e necessário ao desenvolvimento do processo educativo, que é exatamente a criação do SNBE e, ainda, tornando obrigatória a presença de um bibliotecário em cada unidade. Somente neste ano o PL foi aprovado e na terça-feira, dia 9, a lei foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Giroteca: projeto inteligente de incentivo à leitura

No Maranhão, o Projeto Giroteca, criado pela instituição Globaltec Educacional, tem levado um equipamento inteligente às escolas e incentivado milhares de alunos à prática da leitura. O projeto é uma espécie de biblioteca ambulante, com sistema ultramoderno de disponibilização de livros para as escolas públicas.

Giroteca: projeto inteligente de incentivo à leitura | Foto: Divulgação 

O projeto atende escolas nos municípios maranhenses e em outros estados, facilitando acesso à leitura nas escolas tanto nas áreas urbanas como nas áreas rurais. Com isso, milhares de alunos têm oportunidade de se tornarem leitores, sem se preocuparem com a distância entre a sua localidade e as livrarias que, normalmente, ficam nos grandes centros urbanos. As Girotecas reúnem acervos de livros de autores locais e nacionais, com tecnologia de acesso à leitura altamente avançada.

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segunda-feira, 15 de abril de 2024

Ricardo Gama participa de reunião com amigos e discute sobre a política de 2024

Foto: Divulgação 

O JOVEM RICARDO GAMA participou de uma reunião com o inspetor da Polícia Rodoviária Federal, Noberto, pré-candidato a vereador de São Luís, o empresário e fazendeiro do Maranhão, Beto Rocha, e o empresário diretor da Servi-Porto, Dr. Mauro. A empresa é proprietária do ferry boat que faz linha São Luís-Cujupe-São Luís.

Dr. Mauro também é diretor da rede de postos de combustível Posto Bacanga. Na reunião, Ricardo Gama falou sobre a sua desistência de sua candidatura a vereador para coordenar e articulação política do seu amigo e irmão e padrinho inspetor Norberto.

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Fonte: Texto enviado por Ricardo Gama 

domingo, 7 de abril de 2024

POLÍTICA | Mical Damasceno diz "NÃO" a homenagem ao MST

POLÍTICA
Mical Damasceno vota contra homenagem ao MST
Em discurso caloroso na ALEMA, a deputada do PSD diz que o movimento dos Sem Terra não é de trabalhadores, mas de invasores de terras e criminosos

Por Battista Soarez
(De São Luís - MA)

Deputada Mical Damasceno | Foto: Reprodução 
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EM SESSÃO NESTA QUINTA-FEIRA (4) na Assembleia Legislativa do Maranhão, a deputada estadual Mical Damasceno (PSD) disse um "NÃO" bem clarividente ao movimento dos Sem-Terra (MST).

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Trata-se de uma homenagem ao movimento dos Sem-Terra proposta pelo deputado Júlio Mendonça (PCdoB). Tendo sua proposta, a princípio, rejeitada,  Mendonça não desistiu e submeteu novamente o pedido de homenagem à ALEMA. De maneira persistente, o deputado conseguiu a aprovação para homenagear o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), na manhã desta quinta-feira (4).

A duputada Mical, no entanto, se posicionou contrária ao ato e, no seu discurso, destacou "que o MST não é grupo de trabalhadores, e sim um movimento criminoso de invasores de terras, incluisive terras produtíveis".

Mical pontuou, de maneira bem clara, que o seu voto é independente e que jamais se manifestará a favor da criminalidade. E o MST é um movimento criminoso, não só nas palavras da deputada, mas também na visão de vários setores da opinião pública. "Esse movimento é formado por pessoas que promovem a desordem social e que, para piorar, tem apoio do governo Lula", disse um estudante universitário que preferiu não se identificar.

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A ALEMA também concedeu homenagens à Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Maranhão (Fetaema) e à Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), com os requerimentos sendo propostos pelos deputados Roberto Costa e Antônio Pereira.


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terça-feira, 2 de abril de 2024

Coluna Leitura Livre | Por Battista Soarez

COLUNA LEITURA LIVRE
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Por Battista Soarez
(Jornalista e escritor)
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ARTE MODERNA 
A semana que não terminou
Como jovens intelectuais contribuíram com o desenvolvimento do Brasil a partir da Semana de Arte Moderna de 1922, lendo, escrevendo e participando

A Semana de Arte Moderna de 1922 faz 102 anos de história e continua impactando o Brasil em todas as áreas de desenvolvimento | Foto: Reprodução/Internet
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A SEMANA DE ARTE MODERNA, realizada em fevereiro de 1922, fez 102 anos em 2024 e até hoje não terminou de produzir seus efeitos. Nesta edição, o Leitura Livre preparou este artigo para mostrar como os movimentos do passado, de literatura e arte, encabeçados por jovens intelectuais e leitores assíduos, colocaram o Brasil no trilho do desenvolvimento que atingiu todos os setores da sociedade, desde a educação até os campos da ciência, da literatura, das artes, da tecnologia e assim por diante.

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Por conseguinte, a Semama de Arte Moderna de 1922 deu uma contribuição  senão a principal — tão grande para o desenvolvimento do Brasil que, finalmente, tudo o que temos de progresso do século XX para cá está relacionado àquele momento histórico.

Seus participantes  jovens leitores intelectuais que se dedicaram a fazer artes nos campos da literatura, da pintura, da ciência, da tecnologia etc.  saltaram para as páginas da história e foram imortalizados pelo reconhecimento da própria história. Consequentemente, o conhecimento deixou de ser apenas conhecimento e se tornou inteligência acadêmica. As pesquisas literárias se converteram ao universo científico. A poesia deixou de ser poesia e se tornou arte poética. O romance ultrapassou as fronteiras de narrativas do cotidiano de determinados personagens e saltou para o campo das contribuições educacionais e iniciação investigativa da sabedoria humana no contexto das sociedades complexas. Foi dali que saiu a ideia de criar a Universidade de São Paulo (USP), fundada em 1934, que tornou-se a maior da América Latina. E, enfim, a Semana de 22 nunca terminou em seus efeitos divergentes, simbólicos, contraditórios e conquistas que, embora possam parecer tímidas para muitos nos dias de hoje, formam uma base fundamental para todo o universo de novos vislumbres, entendimentos e descobertas no âmbito da nossa cultura, da ciência, da vida acadêmica e de cada avanço que impacta cada passo das atualidades no presente e no futuro.

Podemos afirmar que nenhum movimento artístico cultural no Brasil teve um efeito tão volumoso, tão importante, tão fenomenal e tão duradouro quanto a Semana de Arte Moderna de fevereiro de 1922. Os jovens intelectuais que promoveram a Semana de 22 enfrentaram ataques da dura crítica conservadora e conseguiram subverter os padrões artísticos e literários da ala tradicionalista, emplacando mudanças sociais tão significativas que o Brasil nunca mais foi o mesmo desde então.

Quando a semana completou 50 anos, em 1972, Carlos Drummond de Andrade descreveu as agitadas noites da Semana de 22 na capital paulista como "um grito no salão bem-comportado". A semana segue viva, passados mais 52 anos, produzindo seus efeitos. Estamos em 2024. São 102 anos de grito modernista que continua ecoando em salões e esquinas da sociedade brasileira, influenciando nossa cultura, nossas artes, nossa literatura, nosso pensamento e, enfim, nossa educação, nossas ciências e nossas tecnologias.

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Em 1983, quando li meu primeiro livro por conta própria  isto é, fora dos bancos da escola  me deparei com textos que falavam da Semana de Arte Moderna de 1922. Eu tinha apenas 15 anos de idade. Me empolguei com o que li sobre os jovens artistas, escritores e poetas que protagonizaram a Semana de 22. O maranhense Graça Aranha, morador de Alcântara, foi um dos principais organizadores da Semana. Então, me empolguei ainda mais. Logo me tornei leitor vorais, frequentador de livrarias e devorador de livros.

Em 1985, fui admitido na redação do Jornal de Hoje, do então senador da República João Castelo. Passei a trabalhar e conviver com grandes nomes do jornalismo maranhense. Conheci lendários escritores como Carlos Cunha e Bernardo Coelho de Almeida, autor do romance O Bequimão. Aliás, tive a honra de ser revisor, a pedido do próprio escritor, da sua última obra Éramos felizes e não sabíamos, seu livro de memórias publicado pela Editora do Senado Federal. Como lia muito, logo passei a escrever e publicar textos em quase todos os jornais de São Luís. Meu primeiro conto, publicado no JH, foi Um olhar obscuro, no qual eu descrevia personagens comuns e inusitados nas noites da capital maranhense. Todo mundo na redação leu meu texto e, a partir dali, passei a ser cobrado pelos colegas para escrever novos textos. Foi então que, com a continuidade, me tornei escritor e jornalista, inspirado nas histórias que eu lia e ouvia sobre os jovens escritores que revolucionaram o Brasil por meio das artes e da literatura. Posso dizer que, modéstia à parte, sou fruto daquele movimento literário.

Li que as primeiras notícias do que seria considerado "arte moderna" no Brasil estiveram ligadas à divulgação do Manifesto do Futurismo, que veio a público na primeira página do jornal francês Le Figaro, na edição de fevereiro de 1909, assinado pelo poeta italiano Filippo Tommaso Marinetti.

A Semana de Arte Moderna de 1922 contou com brilhantes expoentes do modernismo brasileiro | Foto: Reprodução 

O manifesto era polêmico, revolucionário, paradoxal e, de certa maneira, exaltava a beleza da velocidade. Os jovens modernistas acreditavam, inclusive, que o progresso da sociedade tinha que ganhar velocidade na tendência de fazer as coisas acontecerem. O movimento das artes modernas se fazia agressivo e, então, as coisas percorriam apressadamente os corredores institucionais e, como disse, na época, Raul Bopp, no livro Movimento modernista no Brasil, "o Futurismo trouxe consigo realizações plásticas fascinantes, com a predominância de formas dinâmicas, de alto valor expressivo". Segundo ele, o ruído do modernismo, de caráter polêmico, acordou o interesse do público internacional para problemas de arte moderna.

Ecoando reclamos de uma sociedade ainda patriarcal, o manifesto pregava o desprezo pela mulher e combatia o moralismo e o feminismo. Felippo Marinetti, nos seus discursos literários, propunha uma fina sintonia entre a arte e o mundo urbano moderno, regido por eletricidade, máquinas e motores. Mas, para isso, era preciso negar as concepções artísticas do passado. Contra a literatura que exaltava a imobilidade meditativa, o entorpecimento e o sono, as palavras deviam viver em liberdade.

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Em 6 de abril de 1909, a primeira notícia sobre o Manifesto Futurista chega no Brasil e estampa a primeira página do jornal carioca Correio da Manhã, que produziu um artigo do jornalista e professor de Estudos Brasileiros de Letras da Universidade de Lisboa, Manoel de Sousa Pinto, seu correspondente em Portugal, com o título "O Futurismo", publicado originalmente em 17 de março de 1909 em Lisboa.

O professor Sousa Pinto ironizava as propostas de Marinetti e seus amigos, colocando-as ao lado de tantos outros "ismos". O comparativo ventilado por ele, com sarcasmo, era de que as obras de Marinetti eram fruto de iconoclastas da última hora, taxando-os de novos vândalos da literatura. Para ele, eram artistas insipientes, que queriam alarmar o bom burguês.

Sousa Pinto, no seu texto, dizia que "como se não bastassem o decadismo, o satanismo, o magnificentismo, o verismo, o nefebatismo e tantos outros letreiros que 'ismaram' as esquinas literárias, sem esquecer o tolismo e o brutismo, que são de todas as idades e lugares, mais um palavrão irrompe no campo intrincado da literatura, com toda a arrogância das novidades e toda a intrigadora petulância dos grandes mistérios só devassários a eleitos".

Para o professor, um novo grupo  que, segundo ele, queria entregar-se ao dispendioso e discutível prazer de alarmar o burguês  acabara de inscrever, na sua bandeira recém-arvorada, um lema novíssimo, que era o "futurismo". A briga foi grande, e deu visibilidade a uma sequência de debates e produções textuais extremadas.

Mas parece que as críticas do professor português não tiveram tanta repercussão prolongada. Cerca de, aproximadamente, dois mêses depois, em 5 de junho de 1909, o jornal A República, de Natal,  Rio Grande do Norte, publicou a tradução de alguns tópicos do manifesto futurista, assinada pelo jornalista e crítico literário potiguar Manoel Dantas. Dantas, à época, destacou o seguinte: "Damos aos nossos leitores, a título de curiosidade, o manifesto entusiástico e revolucionário com que esta nova escola literária fundada pela revista internacional Poesia, de Milão, se apresenta no mundo intelectual". Também esta publicação não teve repercussão, a não ser entre alguns jornalistas.

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Em 30 de dezembro de 1909, no Jornal de Notícias, de Salvador, Bahia, foi publicada a tradução integral do manifesto, assinada pelo escritor Almachio Diniz. Alguns anos depois, Diniz publicou um livro sobre Marinetti, no qual ele faz referência ao manifesto, dizendo que publicou alguns escritos sobre a nova escola em que condenou alguns excessos e aplaudiu as inovações sensatas. Desta vez teve repercussão nos meios intelectuais de Salvador, mas ainda não reuniu personagens para que fosse promovida a Semana.

Em 1911, o jovem intelectual Oswald de Andrade, aos 21 anos de idade, lança o jornal O Pirralho, um semanário de variedades cuja redação funcionava em um sobrado da rua Quinze de Novembro, na região do Triângulo, onde funcionava o escritório imobiliário de seu pai, o senhor José Oswald de Andrade. Oswald Junior ocupava o cargo de secretário.

O jornal saía aos sábados e era polivalente em suas matérias. Falava de política nacional, notícias esportivas, crônicas sociais e, é claro, de literatura. O periódico atraiu uma súcia de poetas, escritores e jornalistas improvisados. Nesse conjunto de jovens intelectuais, estava o brilhante caricaturista Lemmo Lemmi. Filho de pai e mãe italianos, Lemmi orgulhava-se de ter nascido no largo do Paissandu. Nos seus desenhos, ele assinava sob o pseudônimo de Voltolino. Também estava nesse grupo o jovem Alexandre Ribeiro Marcondes Machado, estudante da Escola Politécnica, que mais tarde daria vida ao fascinante personagem Juó Bananère.

Pronto. O time de O Pirralho passou a trabalhar uma variedade de temas com inovações estéticas e fortes traços de sátira. Por conseguinte, passa a encampar um pouco do espírito artístico inovador que se faria sentir no grupo modernista de São Paulo. E, assim, as contribuições intelectuais foram se avolumando na caminhada que, em 1922, se transformou na Semana de Arte Moderna. Foi nas páginas desse jornal que Oswald de Andrade publicou trechos da primeira versão de seu romance Memórias sentimentais de João Miramar.

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O Pirralho durou até fevereiro de 1918, e, enquanto existiu, nem sempre teve à sua frente o seu fundador. Em 1912, Oswald de Andrade, aos 22 anos, viajou para a Europa, onde passou sete meses e conheceu vários países. Ao voltar para o Brasil, assume de volta a direção de O Pirralho e avança com as publicações satíricas e modernistas.

Muitos episódios antecederam a Semana até que, finalmente, chega o ano de 1922. Entre os dias 13 e 17 de fevereiro, o Teatro Municipal de São Paulo recebe o evento e agita as ruas de São Paulo. Ali foram reunidos brilhantes expoentes. A praça Ramos de Azevedo, centro da capital paulista, marcou essa história. Mário de Andrade tinha publicado seu primeiro livro, intitulado Há uma gota de sangue em cada poema, em 1917, com apenas 24 anos. Sua obra foi considerada por muitos críticos de arte literária como um dos marcos inaugurais do modernismo brasileiro. Mário tinha apenas 28 anos de idade quando a Semana aconteceu. Todos os participantes eram jovens. Todo mundo jovem. Jovens, sim, mas leitores assíduos. E foi assim  lendo, escrevendo e participando  que aqueles jovens revolucionaram a história do Brasil.

Além de Mário de Andrade e Oswald de Andrade, nomes hoje conhecidos do grande público, como o compositor Heitor Villa-Lobos, o escultor Victor Brecheret e os artistas plásticos Anita Malfatti, Di Cavalcanti e Vicente do Rego Monteiro, participaram da Semana. À época, os escritores mais comentados do Brasil eram o poeta Olavo Bilac e o versátil escritor maranhense Coelho Neto. Oswald de Andrade chegou a dizer que, afora esses nomes, não se tinha muito o que falar de literatura brasileira.

A Semana de 22, então, foi marcada por muitas controvérsias e vale dizer que ainda hoje é objeto de estudo para artistas e pesquisadores que, de diversas formas, refletem sobre os processos artísticos propostos pelos primeiros modernistas, também chamados de modernistas canônicos. De um lado, estão pesquisadores que refletem a Semana como um grande momento de ruptura para as artes no país. De outro, estudiosos que defendem que a Semana de Arte Moderna foi somente um evento entre os diversos espaços de discussão e criação sobre o modernismo espalhados pelos estados brasileiros.

Sendo assim, apesar de a Semana de 22 ser considerada um marco  se não transformador, mas simbólico — para as artes plásticas, músical, literária, teatro e arquitetura brasileira, as propostas começaram a ser gestadas, anos antes, por artistas e escritores de diversas partes do país. Daí a necessidade de compreender não somente a Semana e seu legado, mas também os passos anteriores à sua realização. Foi, de fato, um passo-a-passo que durou tempos e um circuíto sequencial de insatisfação em relação a velhos paradigmas que, enfim, emplacaram o desenvolvimento de que hoje desfrutamos, apesar da política que temos e dos governantes que nos tangem. Mas, a exemplo dos jovens intelectuais daquela época, se os de hoje se voltarem para o mundo da leitura, não seremos mais dominados pelos dominantes, mas, sim, participantes e certamente agentes de transformação social. Como disse o escritor Oscar Wilde: "A insatisfação é o primeiro passo para o progresso de um homem ou de uma nação".


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